Analisaremos neste capítulo o caráter mítico da formação da história oficial do Japão. Buscando entre os mitos cosmogônicos e a história de formação do Estado Moderno japonês caminhos para compreender o aikidô e a sua prática dentro e fora do seu país de origem.
Veremos como o mito está presente nas diversas esferas da comunidade japonesa, nos aspectos comportamentais dos nipônicos. No desejo político de construir por meio de suas histórias míticas uma “identidade nacional”, um patrimônio cultural para esse povo, que durante séculos re-formularam e adaptaram as interpretações das lendas mitológicas aos contextos sociais, econômicos e políticos.
Podemos, partindo da premissa que esse mito converge diretamente na formação do Estado Moderno japonês, demonstrar através de suas lendas a origem e as divisões hierárquicas nipônicas. A tentativa do mito em estabelecer a lei e a ordem na sociedade japonesa, expostos nos padrões de comportamento e no ideal tipo figurado posteriormente no samurai.
Será em torno da mitologia que o homem nipônico surgirá, o mito aparece para dar sentido ao mundo oriental. Responde as questões relativas as divisões das classes sociais e as origens japonesas, singularizando e divinizando o homem japonês.
Transmitido entre as gerações o mito compõe-se de histórias que narram o contato direto com a natureza, engajando-se numa busca por uma “identidade nacional”, por uma origem e um símbolo nipônico, na tentativa de unificar e integrar a sociedade japonesa.
Assim, convergindo em vários setores da sociedade (na organização da família, na noção de pessoa, no cosmos) o mito torna-se inseparável de uma ideologia política. Participando ativamente na concretização dos ideais e das reformas políticas locais.
Em todas as Eras e em todos os campos (esporte, arte, saúde) o mito re-surgiu trazendo consigo uma estrutura, um padrão, que acompanhará os japoneses por um longo tempo.
